sexta-feira, 16 de julho de 2010

Lembranças II

Fui uma formiga, uma formiga solitária. Estar rodeado de milhões e sentir-se sozinho, eu fui alvo de acusações que denegriram a minha índole. Acusações que não batem com o meu jeito de ser. Ocasionalmente o fim do meu namoro com Lana foi próximo do show o qual nos encontramos na bilheteria. Recaíram sobre mim várias injúrias, disseram que eu nunca gostei dela, ouvi dizer que foi por que eu queria ficar com outra menina, e a pior de todas que eu terminei com ela por que queria ir solteiro para o show, por que supostamente eu queria liberdade para poder ficar com quem eu quisesse. Se realmente este fosse o caso eu não teria vergonha de assumir. Uma coisa que aprendi é que mesmo errado eu tenho que assumir o meu erro, e eu assumiria se esse fosse o caso. Assim como irei aqui assumir um causo que me abalou muito na minha decisão de terminar com Lana. Era 29 de junho quando Cláudia , uma amiga que estudou comigo uns anos atrás, se insinuou disse que estava apaixonada por mim disse que desde que nós estudamos juntos, que ela gostava da minha companhia do meu jeito. Com o desgaste do meu relacionamento com Lana, e com essa nova proposta, admito sim que eu fiquei balançado com o que me foi confidenciado. Ela não era atraente ela era magrela, tinha os olhos negros e grandes, tinha um cabelo curto mais ou menos na altura do ombro ou um pouco mais abaixo. No entanto minha decisão não se deu ao fato de me sentir atraído por Cláudia.

No show, eu não consegui me diverti, eu não consegui aproveitar o máximo que eu tinha que aproveitar. Eram três noites de festa, meus amigos, beijando, dançando, bebendo. E eu estava andando vagando as três noites eu só me animava quando via Lana passar. Na primeira noite eu a vi passar duas vezes, nas duas fui covarde não tive a hombridade suficiente para olhar nos olhos dela e dizer novamente que eu queria ela de volta. Mas na terceira vez que a vi, eu peguei na sua mão delicada, olhei nos seus olhos, e única coisa que eu consegui fazer foi beijá-la. E a mesma cena se repetia nas outras noites. Logo eu não saberia que essa seria a ultima vez que eu beijaria sua boca, que eu sentiria seu hálito fresco novamente tão perto do meu.

Lembranças.

Era Julho, o outono já se fora. O inverno chegou e trouxe consigo seu frio congelante, sua tristeza e sua descrença. As folhas caíram e deram lugar ao gelo, mas nascia ai meu sonho de inverno onde um dia eu poderia te aquecer desse frio que não deixava acalentar nossas vidas. Depois que eu terminei com Lana, minha vida mudou de cabeça pra baixo, eu não sabia o que fazer, eu não sabia o que pensar. Minha angústia de quatro dias não se compara nada com o que eu senti nesses dias de ausência dela. A minha rotina era ela, eu vivia em função dela, e eu não tinha percebido isso. Deixei-me levar pela maré, e acabei batendo com a cabeça nas pedras. Eu me sentia oco, sentia um vazio enorme, sentia como se o mundo não fizesse mais sentido. E hoje eu ainda me pergunto e ainda hoje eu não compreendo o que me fez terminar meu namoro com ela, e por que eu demorei tanto tempo para perceber que o que eu mais queria em toda a minha vida era ela. Depois que terminamos só a vi uma vez até reencontrar-nos novamente. Eu estava indo comprar meu ingresso para um show, e eu a encontrei na fila. Nossa como eu fiquei tenso, eu não sabia o que dizer pra ela, eu não conseguia mais olhar no olho dela. Minha angústia, meus anseios afloraram mais uma vez, me senti um lixo, vendo a menina que eu amo. Eu não consegui chamá-la, fiquei olhando, só olhando cada movimento que ela fazia, cada mexida no cabelo, cada ajeitada na roupa. E quando ela percebeu que eu a olhava, ela veio falar comigo. Era como na primeira vez que nos vimos, minha mão começou a gelar meu coração a pulsar mais rápido, mas meu olhar não encontrava o dela novamente. Ela me abraçou disse que tava com saudades, disse que não queria que nossa amizade mudasse que ela ainda gostava muito da minha companhia. Nesse momento era pra eu ter falado pra ela dos meus sentimentos, era pra eu ter falado que ainda a amo e que tudo que eu mais queria naquele momento era pegar seu braço envolver no meu pescoço, olhar nos fundos dos seus olhos verdes e beijá-la. A covardia foi maior, as palavras não vieram assim como não as vem agora, para narrar o fato. Em um ato de não coragem eu concordei com tudo que ela disse. Quem sabe minha vida tinha mudado, quem sabe hoje eu não precisasse estar aqui escrevendo isso, narrando um fato da minha vida que foi triste que assim como o inverno foi frio.